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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O Batuque de Umbigada de Capivari-SP na perspectiva da educação literária: poética de transgressão, resistência e (re)existência

Autores:
Lorena Faria (UFU - Universidade Federal de Uberlândia)

Resumo:

A tradição academicista, por meio de diferentes métodos eurocêntricos, insiste em categorizar e definir o que vem ou não a ser considerado literário, bem como arregimentar a formação do cânone, relegando as poéticas produzidas pelo Outro à condição de subalternidade. Diversas manifestações artísticas que envolvam a palavra, vindas das chamadas “margens” (como as periferias, os negros e os indígenas, por exemplo), costumam receber um olhar enviesado de quem defende uma visão marcada pelo colonialismo e conservadorismo no tocante à literatura. No entanto, movimentos de ruptura e resistência deslocam tais margens, reconfigurando os padrões estabelecidos para o fazer literário e construindo cenários de transgressão e (re)existência, mesmo com as tentativas de apagamento por parte da chamada elite cultural: uma delas é o Batuque de Umbigada de Capivari, no interior de São Paulo. Compreendido inicialmente como uma dança, o Batuque traz à cena outros elementos que merecem destaque: a elaboração das canções, ou mais propriamente “modas”, a técnica de afinação dos instrumentos tradicionais e o próprio significado da umbigada entre os corpos dançantes são matizes culturais simbólicas que remontam à ancestralidade, à identidade africana, ao culto às tradições e ainda à luta contra o preconceito racial. Nesse sentido, o presente trabalho pretende analisar como o Batuque de Umbigada paulista pode compor um projeto de educação literária decolonial, enquanto exemplo de uma poética de transgressão, resistência e (re)existência. As modas compostas pela mestra popular Anecide de Toledo – mulher negra periférica, voz feminina do Batuque – revelam crônicas do cotidiano, crítica social, aspectos históricos e simbólicos diversos que podem ser analisados sob enfoques distintos na área de língua(gem). O debate em questão é, ainda, tema de doutorado em andamento na Universidade Federal de Uberlândia, sob orientação do prof. Dr. Ivan Marcos Ribeiro.