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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Português como segunda língua no vestibular: reflexões sobre o desempenho de candidatos surdos

Autores:
Sueli de Fátima Fernandes (UFPR - Universidade Federal do Paraná)

Resumo:

O reconhecimento da comunidade surda brasileira como minoria linguística, cuja identificação cultural se dá com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e com o português como segunda língua ocupa centralidade nos debates sobre inclusão, com inúmeros desdobramentos nas políticas e práticas institucionais. Nas últimas décadas, a política de inclusão favoreceu a democratização do acesso de estudantes surdos na educação superior no Brasil e impôs a esse nível de ensino inúmeros desafios para assegurar, não apenas a garantia do acesso, mas um processo de permanência que efetivamente produzisse mudanças nas culturas e práticas institucionais. Nesse sentido, este trabalho analisa o desempenho de candidatos surdos bilíngues na prova de português como segunda língua do processo seletivo do Curso de Letras Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR). No vestibular, atribui-se à Libras status de língua principal na mediação do processo de avaliação, como ação afirmativa de política linguística no ensino superior. A prova é realizada na modalidade bilíngue, envolvendo a resolução de vinte questões de conhecimentos gerais e específicos exclusivamente em Libras, nove questões de português como segunda língua e uma prova de redação. A abordagem metodológica de cunho quanti-qualitativo desta pesquisa contempla a análise dos seguintes eixos temáticos: metodologia de elaboração das questões objetivas e prova discursiva de português como segunda língua; desempenho dos candidatos surdos e adoção de critérios diferenciados de avaliação na prova discursiva. A reflexão analítica sobre esses elementos contribui para a implementação de políticas afirmativas que reconheçam direitos de pessoas surdas em situação de minoria linguística em um território político de disputas em que a Libras e a língua portuguesa são marcadas por relações de poder assimétricos no sistema educacional.