Ao se tratar das distopias dos últimos anos, vê-se que há um padrão em alguns livros deste gênero que é notável, que se trata da seleção pelos governantes de quem vai entrar em determinado grupo social dentre os que foram criados pelo governo. Estes processos de seleção são diversos em cada distopia, podem variar, porém o que se percebe é a crítica por trás desta escolha, pois nem sempre a escolha do personagem é acatada ou aceita verdadeiramente. Para exemplificar isto, têm-se os livros Legend, de Marie Lu, e Divergente, de Veronica Roth, duas distopias que tem seu enredo encaminhado através de um processo seletivo e que os personagens inicialmente não são bem aceitos nos grupos sociais que esperam estar. Com isso, pensando na concepção de linguagem de Mikhail Bahktin, este trabalho tem como objetivo problematizar esta possível crítica presente nos livros, através da análise minunciosa desses livros e têm-se como a hipótese de que estas duas distopias, dentre várias outras que seguem o mesmo padrão, podem trazer uma crítica aos processos seletivos da sociedade atual, tanto processos para entrada em universidades, por exemplo, quanto processos de seleção social. A pesquisa se insere na área da Linguística Aplicada e se orienta por uma perspectiva interpretativista para a análise dos livros mencionados.