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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Entre razão e fantasia: metamorfose e erotismo em Maria Teresa Horta

Autores:
Ana Paula dos Santos Martins (FATEC TAQUARITINGA - Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga)

Resumo:

Em “Com a mão firme e doce” e “Lídia”, de autoria de Maria Teresa Horta, presentes em Azul Cobalto (2015), a escritora inverte, mas não elimina, a “existência feminina como monstruosa sob a lei patriarcal” (ARMITT,1996, p.70), pelos olhos dos esposos das protagonistas Renata e Lídia, respectivamente. Como afirma Lucie Armitt, considerando a contribuição dos estudos de Bakhtin sobre o carnaval e o grotesco como centrais para a compreensão da literatura do corpo como uma estética política, especialmente em termos de literatura fantástica, e na centralidade que o corpo apresenta para a teoria feminista, a mulher pode ser o corpo em sociedade, mas ela é excluída ou marginalizada pelo corpo da sociedade, até mesmo quando ela emprega processos carnavalescos como o grotesco e a metamorfose em finais revolucionários (ARMITT,1996, p.70), como é a tentativa de Maria Teresa nesses contos. Se a constituição do sótão de Renata ou quarto de Lídia adquirem, para os esposos, conotações góticas de espaço claustrofóbico e proibido, o que os impede de entrar nesses locais, do ponto de vista das protagonistas, esses mesmos locais são uma espécie de encontro com a “escuridão interior”, com o inconsciente, no qual também se manifesta aquela “herança” feminina das gerações predecessoras. Considerando-se que o “discurso fantástico é um discurso duplo, em relação intertextual com o outro texto discurso que é a realidade” (REIS, 1980, p. 6), o objetivo deste trabalho é analisar, nos dois contos, de que forma de a mulher, ao lidar com o amor, liberta a voz feminina que, por meio da metamorfose e da experiência erótica e amorosa, questiona os mecanismos de repressão sobre homens e mulheres, embora, nem sempre, consiga deles se dissociar.