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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


DISCURSO, BIOPOLÍTICA E ANSIEDADE: A GREVE DOS CAMINHONEIROS NO BRASIL

Autores:
Amanda Batista Braga (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo:

Este trabalho tem por objetivo analisar enunciados produzidos pela grande mídia em torno da greve dos caminhoneiros no Brasil, ocorrida em maio de 2018, levando em conta as estratégias de biopolítica das quais lançou mão o Estado (FOUCAULT, 2008), bem como os discursos que auxiliaram na promoção da sensação de medo e ansiedade (COURTINE, 2016). Por um lado, pretende-se analisar o modo como foram discursivizadas as estratégias de biopolítica por parte do Estado a partir de uma dada economia política enquanto forma de saber, desnudando uma governamentalidade exercida nos moldes de uma ciência; e, por outro lado, o modo como foram postos, discursivamente, os dispositivos de segurança lançados pelo Estado enquanto instrumentos técnicos, no intuito de promover uma dada normalização. Além disso, propõe-se analisar como a produção e a circulação de determinados enunciados produziram, a partir do acontecimento, a retomada de memórias concernentes a medos, riscos e perigos – reais e imaginários – de outrora, materializando discursivamente um sentimento de ansiedade. A partir daí, tornar-se-á visível um antagonismo construído entre os enunciados que veicularam os dispositivos de segurança da biopolítica paralelamente à sensação de insegurança provocada pelos enunciados que produziram a ansiedade. Com vistas a tal análise, enquanto aporte teórico-metodológico, este trabalho parte de uma Análise do Discurso francesa, fortemente ancorada nos trabalhos de Michel Foucault (mais particularmente aqueles que propõem uma analítica do poder), bem como nos trabalhos mais recentes de Jean-Jacques Courtine (notadamente aqueles que abordam a problemática das emoções nos estudos do discurso).