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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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A dupla face do amor em Camões

Autores:
Raul de Carvalho Rocha (UFAL - Universidade Federal de Alagoas)

Resumo:

Luís Vaz de Camões configurou-se, indubitavelmente, como um dos maiores escritores de língua portuguesa e do Ocidente, e a sua literatura é particularmente associada ao Classicismo do século XVI, marcado pelos ideais de harmonia e ordem entre o homem e a natureza. No entanto, encontram-se na lírica do autor português elementos que denunciam seu pessimismo, angústia e desencanto quanto à realidade circundante, sentimentos própios aos da lírica produzida por autores do movimento conhecido por Maneirismo. Ora, mas o Maneirismo foi um movimento anticlássico, que denunciou a instabilidade presente na transição da Idade Média para a Idade Moderna, período que ficou conhecido por Crise da Renascença. A crise do Renascimento se deu por fatores de ordem socioculturais e econômicas, que abalaram a consciência dos homens europeus e os levaram a recusar os cânones estéticos do Classicismo deliberadamente e ao rompimento da "ordem natural" clássica. Em Camões, o desconcerto próprio dos homens modernos, provocado pela cosmovisão e pela crise de valores da época, manifestou-se, sobretudo, em suas poesias líricas, nas quais também se percebe um sentimento nostálgico em relação à Idade Média, considerada um "paraíso perdido" em relação à Era Moderna. O resultado foi uma fusão de temas, que encontram a sua expressão em um só aspecto: o amor cortês. O presente trabalho propõe-se a analisar essa dupla face do Amor em Camões, atentando-se ao período histórico do autor. Pretende-se demonstrar como, diante do conturbado início da Era Moderna, Camões manifestou, com o seu lirismo amoroso, a consciência de perda do período medievo e o tormento moderno, marcas do Maneirismo, e utilizou-se, para isto, dos meios expressivos característicos das cantigas de amor trovadorescas. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica, teoricamente fundamentada em Paz (2006), Hauser (1963), Spina (1996), Braga (2005) e Saraiva (2008), obras voltadas à teoria e historiografia literárias.