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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Leitura, subjetividade e formação do leitor em três experiências ad/diversas

Autores:
Sheila Oliveira Lima (UEL - Universidade Estadual de Londrina)

Resumo:

O processo de escolarização da leitura, nos últimos anos, tornou o trabalho com a literatura uma tentativa de reprodução da atividade analítica, pautada pelos estudos estruturalistas, que, segundo Todorov (2010), não conduz ao que é primordial na leitura do texto literário, ou seja, o encontro com um outro e a possibilidade de simbolização dos eventos de difícil compreensão, próprios da experiência humana. Corroborando com tal assertiva, Jouve (2013) propõe que o ensino de literatura na escola possa tocar outras margens de significação para que os alunos se envolvam subjetivamente com a leitura, encontrando, com efeito, seus lugares de leitor. A partir da análise de depoimentos de dois autores consagrados sobre seus percursos de formação leitora e os reflexos da leitura literária para a compreensão do mundo, observa-se a pertinência das afirmações feitas por Todorov e Jouve.  Os textos escolhidos para realização do percurso analítico são os ensaios “Assim morrem os pobres”, de George Orwell, e “O caminho de San Giovanni”, de Italo Calvino. Reiterando a relevância da relação subjetiva no processo de realização da leitura literária, apresenta-se um estudo de caso realizado a partir da leitura de “Caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, numa turma de 3o ano do curso de Letras, orientada pela proposta de Jouve. Conclui-se que a atividade de leitura literária, quando localizada na escola, costuma assumir perfis de prática analítica, não permitindo que o leitor atinja uma relação subjetiva no processo de interação. Nesse sentido, a proposta de Jouve acaba por se realizar como uma leitura marginal, porque fora dos padrões estabelecidos pelo atual sistema de ensino brasileiro. Entretanto, os resultados positivos observados na atividade proposta no curso de Letras apontam para um investimento maior em concepções de ensino e aprendizagem em que a subjetividade seja fator relevante nos processos de desenvolvimento da leitura.