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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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"VIDAS DO CARANDIRU E O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO: TESTEMUNHO E VOZES INFAMES"

Autores:
Gabriela Siqueira Lage (UNICAMP - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS)

Resumo:

A obra Vidas do Carandiru: histórias reais (2002) de Humberto Rodrigues propõe-se a narrar o cotidiano da prisão através da perspectiva do autor, que foi preso injustamente e passou um ano e meio no cárcere. Durante esse período, Rodrigues dedicou-se a registrar em um diário sua experiência, além de produzir crônicas e entrevistar seus companheiros, material que transformaria em livro, onde as vivências transmitidas representam uma memória marcada pela violência e pelo trauma. Filmado também no Carandiru, o documentário O Prisioneiro da Grade de Ferro: auto retratos (2003) mostra, através de um processo colaborativo entre o cineasta Paulo Sacramento e os próprios presos, o cotidiano da prisão e as dificuldades vividas no cumprimento da pena, num ambiente de extremo sofrimento e desumanização. Este trabalho, ainda em andamento, realiza uma análise comparativa entre as características do testemunho em Vidas do Carandiru: histórias reais e O prisioneiro da grade de ferro: auto retratos, identificando possíveis intersecções e particularidades na representação da experiência na literatura e no cinema do gênero documentário enquanto instrumentos de recuperação da memória de um trauma. Conforme já observado até o presente estágio, as características específicas de cada obra apresentam diferentes contornos, sendo as particularidades da técnica utilizada para relatar experiências no texto e do documentário fatores essenciais para a compreensão dessas nuances, que convergem ao dar voz às histórias – até então silenciadas – da vivência do cárcere. Tais questões são abordadas a partir dos conceitos de narração, experiência, técnica e reprodutibilidade da obra de arte, tal qual definidos por Walter Benjamin. Durante a realização do trabalho, se fazem presentes estudos acerca da teoria do testemunho e memória, especificamente, sobre a literatura prisional trazidos por Seligmann-Silva e Maria Rita Palmeira, bem como produções acerca do documentário e câmera diegética, conforme abordados por Bill Nichols e Alexandra Heller-Nicholas, respectivamente.


Agência de fomento:
SAE