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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


DE HITLER À LULA: PROCESSOS DE SUBJETIVIDADE E JOGOS DE VERDADE NO DISCURSO PUBLICITÁRIO DA FOLHA DE SÃO PAULO

Autores:
Edjane Gomes de Assis (UFPB - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA)

Resumo:

“Obrigar-se a ponderar da parte acusada e, publicando uma acusação, garantir espaço ao contraditório”. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2018). Estes são alguns dos princípios prescritos no Manual de redação da Folha de São Paulo – versão reformulada e publicada em 2018. Entendemos que todo dizer é constituído por elementos sociais, históricos e ideológicos, e a mídia se subjetiviza como um lugar de verdade, terreno fértil para o plantio de valores e imagens sobre os sujeitos, sobretudo quando tais sujeitos ocupam lugares de destaque na história, à exemplo de Adolf Hitler e Luís Inácio Lula da Silva. Duas figuras antagônicas por suas atitudes, mas emblemáticas pela posição de liderança política que ocuparam/ocupam na história. Com base nestas premissas pautadas na Análise do discurso foucaultiana, nosso trabalho tem por objetivo analisar duas propagandas da Folha de São Paulo em que são utilizadas as imagens de Hitler e Lula para validar o dizer do periódico. Vinculadas em momentos distintos (a propaganda com Hitler exibida em 1987 e com Lula, exibida em 2018), a Folha se utiliza de estratégias e dispositivos de controle, ao fazer voltar o acontecimento para ratificar seu compromisso com a ética e a imparcialidade da informação. Os recursos tecnológicos utilizados disciplinam o olhar do leitor ao projetar, de modo gradativo, o rosto dos dois líderes como um quebra-cabeça cujas peças promovem um verdadeiro espetáculo de olhares. Entendemos que, mediante o devir da memória (utilização da imagem de Hitler para dialogar com a imagem de Lula), a Folha se subjetiviza estabelecendo jogos de similitudes entre o passado e o presente. Mesmo “primando” pelo discurso da verdade, o periódico deixa marcas de uma memória que tenta apagar/silenciar – o apoio à ditadura militar do Brasil, bem como sua posição contrária aos partidos de esquerda.  


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UFPB