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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A construção da argumentação sob a ótica microtextual: as cláusulas finais

Autores:
Amanda Heiderich Marchon (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo:

Este trabalho investiga a impossibilidade de se empreender uma análise linguística que dissocie os níveis sintático, semântico e pragmático, com o fito de propor estratégias pedagógicas mais eficientes para o ensino de língua materna. Mais especificamente, discutiremos como as cláusulas finais se articulam nos níveis micro e macrotextuais, contribuindo, pois, para a organização argumentativa do discurso. Objetivando uma análise que amplie a visão da tradição gramatical e que ultrapasse o nível sentencial, propomos um estudo de interface entre os postulados teóricos da Semântica Argumentativa e do Funcionalismo, priorizando tanto a semântica quanto a sintaxe. Debruçar-nos-emos, portanto, sobre os efeitos de sentido que as estruturas hipotáticas finais mantêm com as porções de discurso em que estão inseridas, compreendidas, nesta investigação, como fios da teia argumentativa empreendida pelo enunciador para envolver o interlocutor. Partindo da hipótese de que as estruturas hipotáticas revelam um matiz argumentativo, o corpus de análise desta investigação será constituído de cláusulas que provém de vinte e quatro artigos de opinião publicados, aos sábados, pelo jornal Folha de São Paulo, na coluna Tendências e Debates. Essa coluna veicula artigos assinados que, segundo informação editorial, não traduzem o posicionamento do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. Para tanto, essa seção apresenta uma pergunta sobre determinado assunto que suscitou polêmicas ao longo da semana nos noticiários. Os articulistas convidados, ao responderem sim ou não ao questionamento feito pela instância midiática, defendem visões opostas em relação ao tema em tela, aproximando-se ou afastando-se das doxas vigentes, ou seja, do que a sociedade considera politicamente correto.