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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Antonio de Moraes Silva (1755-1824): entre a gramática e o dicionário

Autores:
Maria Mercedes Saraiva Hackerott (UNIP - Universidade Paulista)

Resumo:

O presente trabalho visa analisar as relações de discrepância, redundância, remissividade e complementariedade nas duas técnicas do processo de gramatização (AUROUX, 1992). Para tanto, serão confrontadas as seguintes publicações de Antonio de Moraes Silva (1755-1824): o Diccionario da lingua portugueza (Lisboa, Simão Thaddeo Ferreira, 1789), o Epitome da grammatica da língua portugueza (Lisboa, Simão Thaddeo Ferreira, 1806) e a 2ª edição (Lisboa, Lacerdina, 1813) do dicionário que incluiu como parte introdutória a gramática. A escolha das obras deveu-se não só à notoriedade do autor como também por se tratar do trabalho inaugural da lexicografia moderna em língua portuguesa e por flagrar novas tendências na gramaticografia lusófona do início do século XIX.

Muitas são as diferenças técnicas entre a gramática e o dicionário. A mais evidente incide sobre a ordenação dos conteúdos havendo no dicionário a ordenação alfabética dos verbetes e no epítome a ordenação temática que divide a exposição em “partes da sentença” (as palavras por si sós) e “sintaxe” (composição das partes da sentença entre si). Outra diferença técnica é a função que assumem as instâncias: terminológica, conceitual e exemplificação.

Apesar das divergências técnicas é possível comparar as explicações gramaticais contidas nos verbetes com as enunciadas na gramática. Tal confronto permite verificar se há interferência da técnica sobre a abordagem gramatical ou se as escolhas teóricas permanecem as mesmas independentemente do gênero textual adotado.