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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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UM ESTUDO SOBRE METAPLASMOS POR ADIÇÃO NO FALAR SANTARENO

Autores:
Luênisson Luís Mesquita de Oliveira (UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará)

Resumo:

Os sistemas linguísticos estão em constante transformação, não podendo, portanto, ser concebidos como sistemas fixos e autônomos. Ao se estudar a história de uma língua, descobrimos que fatores internos e externos são responsáveis por essa transformação. Tomando como exemplo a língua portuguesa, observamos que o português é uma continuidade histórica do latim, e nessa trajetória até chegar ao que chamamos português contemporâneo, a língua passou por muitas mudanças. Um das mudanças internas responsáveis pela forma que a língua apresenta hoje são os metaplasmos. Metaplasmos são mudanças fonéticas que consistem na alteração de uma palavra pela adição, supressão ou transformação de fonemas. Os metaplasmos por adição, foco deste trabalho, podem ser classificados como prótese (stare > estar), epêntese (stella > estrela) e epítese (ante > antes). Interessante perceber que as mudanças que ocorreram em tempos pretéritos na língua, voltam a ocorrer modernamente, o que comprova que a língua é um eterno fazer-se. Dessa forma, interessa-nos, nesta pesquisa, flagrar os usos do português contemporâneo no qual atuam os metaplasmos por adição. Para isso, analisamos textos do gênero narrativas de experiência pessoal, extraídas do Corpus de Textos Orais do Português Santareno – CTOPS (PENA-FERREIRA, LIMA-GOMES, 2010), além de constituirmos corpus não sistematizado com fala espontânea de falantes do município de Santarém. Ocorrências como apiorou” e “alembrei foram registradas em nossa corpora. Tais usos se caracterizam como metaplasmos por adição, do tipo metaplasmo por aglutinação, o que indicia que transformações ocorridas no desenvolvimento histórico do português voltam a ocorrer na língua. É interessante também destacar que formas arcaicas como “alevantar”, “arreceber" foram registradas como usos de falantes das regiões ribeirinhas do município de Santarém, o que nos faz levantar a hipótese de que regiões mais afastadas da zona urbana tendem a conservar formas do português arcaico.