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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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NEOLOGIA PRAGMÁTICA EM GÍRIAS PAULISTANAS: UM ESTUDO DO USO DE LÉXICO OBSCENO

Autores:
Ruth Agostinho Araujo (IFSP - Instituto Federal de educação, ciência e tecnologia de São Paulo - Campus São Paulo)

Resumo:

Ao desenvolver estudos acerca de mudança linguística, consideramos que ela não acontece fora da vida social e que interessa aos pesquisadores da área entender sua origem, difusão, propagação e regularidade.  Segundo Weinreich, Labov e Herzog (2006) é necessário também identificar os fatores condicionantes, a transição, o encaixamento, a avaliação e a implementação dessas mudanças, fatores considerados nesta pesquisa para análise de gírias sob a forma de léxico obsceno. Alves (2002) afirma que os neologismos são uma característica de mudança de todas as línguas e que surgem com intenção de suprir a necessidade dos falantes e as condições comunicativas de cada idioma. O estágio em que há uma nova correspondência significante-significado é o que nos interessa, sendo que foi escolhido pelos autores nomear tal mudança de neologismo pragmático, devido seu uso efetivo se dar em contextos de interação particulares. O corpus da pesquisa é composto por gírias com usos de palavrões retiradas de entrevistas do Youtube com rappers paulistanos. Utilizou-se a ideia de gíria proposta por Preti (1984) que a caracteriza como fenômeno inicialmente restrito de um grupo, a princípio secreto, para identificação e comunicação dessa comunidade. O corpus é analisado a partir dos parâmetros de mudança linguística apontados por Martelotta (2011) e tem como intuito buscar os processos pelos quais os palavrões são ressignificados a depender de seu contexto de uso. Conclui-se que o processo de gramaticalização explica os novos aspectos e usos que os palavrões ganham ao serem utilizados em léxico gírio. As mudanças por extensão ou generalização de contextos, dessemantização e decategorização foram as mais significativas para a análise, ficando clara a influência da pragmática na constante negociação entre os interactantes que, valendo-se do contexto, buscam o que melhor os ajuda no processo comunicativo, ainda que isso signifique fazer novo uso de um léxico já conhecido.