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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A EMERGÊNCIA DA ESCRITA PARA RESISTIR AO DISCURSO ‘AGRAFO’

Autores:
Águeda Aparecida da Cruz Borges (UFMT/CUA - UNEMAT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA em doutoramento na UNEMAT) ; Olimpia Maluf-souza (UFMT/CUA - UNEMAT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA em doutoramento na UNEMAT)

Resumo:

Esta proposta visa compreender e dar visibilidade, discursivamente, a práticas de resistência de mulheres indígenas, de várias etnias, no embate com a sociedade ocidental. A imersão nesse campo de conhecimento já pressupunha um sujeito modificado, em relação ao imaginário produzido pelo modelo da sociedade capitalista, o qual se inscreve em discursos conflituosos sobre os povos indígenas e, particularmente, sobre mulheres indígenas. Discursos que, pelos resultados da pesquisa, materializados na minha tese de doutorado representam, na ordem das relações de poder: preconceito, estereótipo, repulsa, apagamento, silenciamento por um lado, pois outros discursos, emergem nessa construção: o da demanda, da denúncia, da reivindicação, principalmente pelo movimento de mulheres indígenas. As análises, sob a fundamentação teórica da Análise de Discurso, ainda, são preliminares, embora o trabalho com povos indígenas já vem de longa data. O nosso objetivo, neste simpósio do Simelp/2019 é mostrar, dentre outras práticas, a da escrita ocidental como estratégia de resistência ao discurso de que indígenas são de tradição oral, são agráfos. Observamos que o contato, desde a colonização, divide o sujeito, impõe-lhe modos de ser, de sobreviver. Contudo, neste caso, aprender a fazer, resistir e ser mulher Xavante, mulher Munduruku, Karajá...mesmo ‘divididas’, pela escrita alfabética, principalmente, marcada em documentos produzidos no Movimento Indígena de Mulheres, é determinante na tomada de posição delas. A recomposição dessas posições nas redes densas de significações, imbricações, silenciamentos, apagamentos, exposições tramam a complexidade do processo de identificação/subjetivação dessas mulheres, na diferença, como vimos analisando na pesquisa, em desenvolvimento, no Programa de Pós-Graduação em Linguística/Unemat, no estágio de pós-doutoramento. Sublinhando que, além da escrita, necessária, nas condições de produção atuais, é ao modo étnico ritualizado, que elas se identificam/se subjetivam.