O objetivo desta comunicação é estudar o processo de constituição discursiva de fados que têm como tema a cidade de Lisboa. Partindo de pressupostos da teoria dialógica do discurso, evidenciaremos a participação do intertexto na escolha de elementos do enunciado, particularmente nas escolhas lexicais, buscando compreender a função do léxico como conector das relações discursivas. A partir destas relações, passaremos a estudar, tendo em vista as propostas da Análise do Discurso, a representação da cidade de Lisboa no fado. Por meio da análise de alguns fados, observaremos a importância das cenas validadas na constituição discursiva dessa representação. Dessa forma, poderemos compreender esse processo discursivo desde os elementos lexicais, tomados em sua projeção discursiva na forma de cenas validadas utilizadas na produção da representação da cidade, alcançando o conjunto discursivo do intertexto onde as canções, no caso os fados, dialogam formando o imaginário da cidade de Lisboa. Fundamental nesse estudo é observar o posicionamento do enunciador no interdiscurso, notável na composição do enunciado, particularmente na seleção e no arranjo dos elementos lexicais e no seu tom. Por esse caminho, poderemos chegar a questões sobre o estilo do enunciado que no fado é elemento central na caracterização desse gênero musical. Assim, por meio do estilo, poderemos observar a constituição do ethos do enunciador, que neste caso se apresenta como fadista e, além disso, a sua visão sobre a cidade de Lisboa. Compreendemos, então, que todos esses elementos estão submetidos às condições impostas pelo intertexto. Nesse processo dialógico, os enunciados são validados no universo do fado e contribuem para a formação do imaginário da cidade de Lisboa.