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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


CINCO POETAS SOB A ÓTICA DA EPIFANIA: Ramón López Velarde, Cesário Verde, Camilo Pessanha, José Gorostiza e Fernando Pessoa

Autores:
João Batista Fernandes Filho (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo:

O objetivo deste ensaio é demonstrar o evento de índole epifânica em cinco poetas de duas grandes tradições literárias modernas – a mexicana e a portuguesa. Portanto, analisa a especificidade da epifania em Ramón López Velarde (insight hiperbólico), em Cesário Verde (epifania da visão), Camilo Pessanha (epifania apofática), em José Gorostiza (êxtase do instante) e Fernando Pessoa (epifania heteronômica). 

De modo geral, e de uma forma que se pode chamar de vulgarizada, epifania significa uma “aparição” ou “revelação” de um estado do ser, referente às dimensões do mundo divino e espiritual. A etimologia grega – epipháneia – traz, numa de suas acepções, a ideia de manifestação divina. Termos como inspiração, e, mais atualmente, insight, estão no mesmo âmbito do conceito de epifania. Suas origens na tradição Cristã no Ocidente são comumente aceitas pela crítica especializada. Nessa trajetória, passa pela experiência de Paulo no caminho de Damasco, pelas visões dos profetas do Velho Testamento, pela experimentação mística de autores e santos espanhóis, e pelas inumeráveis conversões católicas ao longo da história.

Assim, ao longo dos séculos, o conceito de epifania – considerado no âmbito da criação poética – mudou de perspectiva, mas vale lembrar o que o poeta Horácio Costa disse, ao traduzir Piedra de sol, de Octavio Paz: “[...] em El Arco y La Lira, o poeta disserta sobre a confundibilidade dos impulsos religioso e poético, que levam a produtos finais totalmente diferentes.” (COSTA, 2009, p.75) Se o ponto de partida pode ter sido, em alguns casos, a mesma fonte, o resultado no século XIX e XX, nos poetas objetos deste projeto, foi de índole diversa.