Ao pensarmos o processo educacional de pessoas com deficiência visual, não podemos ignorar as condições de percepção desse público. Em relação ao ensino de língua portuguesa, o desenvolvimento de um planejamento pedagógico voltado para alunos cegos ou com baixa visão não significa excluir a linguagem não verbal, pois o acesso à cultura visual, plena de sentidos históricos, estéticos e socioculturais, é um direito de todos. Tendo por base teórica os estudos acerca dos processos de aprendizagem da pessoa cega ou com baixa visão (VIGOTSKI, 1997); da semiótica (PEIRCE, 1999; SIMÕES, 2009); dos gêneros textuais multimodais (VAN LEEUWEN, 2004, DIONÍSIO, 2005), da educação inclusiva (MASINI, 2013; CAIADO, 2014), entre outros, o propósito desta comunicação é apresentar algumas reflexões sobre o processo de construção de significado de alunos com deficiência visual a partir da leitura de textos multimodais. Os dados apresentados integram a pesquisa de doutorado da autora, sob orientação da Professora Doutora Maria Teresa Gonçalves Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A referida investigação, em andamento, enquadra-se na abordagem qualitativa (DENZIN; LINCOLN, 2006; BORTONI-RICARDO, 2008) e configura-se como uma pesquisa-ação (THIOLLENT, 2005), voltada para o aprimoramento das práticas pedagógicas de maneira continuada, sistemática e empiricamente fundamentada. Após uma breve exposição das concepções acerca da deficiência visual no decorrer da história da humanidade, serão apresentados exemplos de práticas pedagógicas com gêneros textuais multimodais voltadas para alunos com deficiência visual, com o intuito de elucidar a relevância de se explorar práticas de leitura e de escrita significativas para o alunado em questão, assegurando as condições necessárias para o acesso aos estímulos visuais e, consequentemente, para a construção de significado.