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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Mulher e modernidade na ficção anarquista da Belle Époque

Autores:
Inara Ribeiro Gomes (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo:

Do final do século XIX até as primeiras décadas do XX, a realidade sociocultural das principais cidades brasileiras alterou-se no ritmo rápido das ondas de modernização técnica, do aumento da população urbana e da assimilação de hábitos culturais europeus. Com a consolidação do modelo moderno de família burguesa, a mulher foi chamada a exercer um papel civilizador na função de mãe-educadora e de administradora do lar. Doutrinadores e reformadores sociais convocavam-na para colaborar assim com o progresso da nação. Os ficcionistas da belle époque, tendo ou não sido atuantes no debate sobre a missão da mulher moderna no contexto da Primeira República, foram atores e testemunhos das mudanças culturais que provocaram um amplo engajamento de diversos setores da sociedade a fim de regular, por meio de estratégias de propaganda, o comportamento feminino desejável para a nação que se pretendia construir. A ficção libertária do período, como literatura de ideias, é a tentativa de comunicar um ideário em tudo avesso a essa visão da mulher, da família e da pátria. Perguntamos em que medida esse intento é alcançado, como esse ideário se expressa ficcionalmente e discursivamente e quais são as possíveis mediações e contradições entre esses dois aspectos. Como objeto de análise, tomaremos as obras principais de três escritores representativos dessa vertente: Domingos Ribeiro Filho, Fábio Luz e Curvelo de Mendonça. Como suporte teórico-metodológico, utilizaremos trabalhos que analisaram a produção cultural dos anarquistas nesse período (HARDMAM, 2002); a questão feminina na perspectiva da ideologia anarquista (RAGO, 1985); a situação social da mulher na Primeira República (MALUF; MOTT, 1998; HAHNER, 1981); e a recepção crítica da literatura anarquista (FENERICK, 2004).