Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Argumentação e ensino: construção de valores democráticos e humanização dos sujeitos escolares

Autores:
Eduardo Lopes Piris (UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz)

Resumo:

Na perspectiva da educação emancipatória, proponho inscrever o ensino da argumentação no ideário de uma pedagogia de línguas norteada pela didatização de práticas de linguagem, de modo que educandas e educandos possam desenvolver e aprimorar capacidades e competências argumentativas (cf. Azevedo, 2013, 2016a, 2016b) em situações escolares, preparando-se para participar de situações argumentativas em sociedade, por meio de gêneros orais, escritos ou multimodais, e valorizar o cultivo do debate de opiniões divergentes, do respeito ao outro, dos ideais democráticos contra o preconceito, o racismo, o machismo, a violência, o totalitarismo, o fascismo e o nazismo, porque nos espaços em que circulam as ideologias da intolerância não há vez para a argumentação. Considerando a multidimensionalidade dos fenômenos argumentativos (cf. Grácio, 2013), defino a argumentação na articulação das dimensões retórica (cf. Perelman e Olbrechts-Tyteca, 1996 [1958]), discursiva (cf. Amossy, 2018), cognitivo-discursiva (cf. Leitão, 2011), sócio-cognitivo (cf. Dolz & Schneuwly, 2004). Baseado em Paulo Freire (2005 [1968]), Pedagogia do Oprimido, fundamento uma proposta de ensino da argumentação que possa promover, no interior da escola, enquanto Aparelho Ideológico de Estado (cf. Althusser, 1970), a polemização dos saberes e dos discursos de verdade (cf. Foucault, 1972), o empoderamento dos sujeitos estudantes por poder argumentar (cf. Pacífico, 2012, 2016), a autonomia crítica do sujeito professor e, portanto, a diminuição da assimetria de poder na relação pedagógica (cf. Estrela, 1994; Morgado, 1997) professor/estudante e professor/estudante/gestor escolar. Assim, pretendo colaborar para a construção de conhecimento sobre práticas de ensino que possam se contrapor às práticas hegemônicas opressoras que se reproduzem sócio-historicamente na instituição escolar e na sociedade, atualizando-se em distintas formas como o “Escola sem Partido” e o “Todos pela Educação”.