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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Quando relacionar (não) é opor: das relações lexicais múltiplas à antonímia no 1.º Ciclo do Ensino Básico

Autores:
Celda Maria Gonçalves Morgado (ESE-PP - Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto) ; José António Ribeiro da Costa (ESE-PP - Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto)

Resumo:

 

A capacidade de estabelecer oposições é uma das condições fundamentais para o desenvolvimento lexical do indivíduo (Lust, 2006). Uma criança consegue, desde cedo, compreender que diferentes palavras apresentam diferentes significados (Serra et al., 2013), o que se afigura relevante em várias operações cognitivas (seriar, categorizar, etc.). Transitando para o plano linguístico, é possível constatar que o contraste (de itens lexicais, de semas e de morfemas) está na base de relações lexicais de natureza diversa. Contudo, o tratamento desta temática no 1.º Ciclo do Ensino Básico, em Portugal, tem-se confinado à abordagem da antonímia e da sinonímia nos dois primeiros anos de escolaridade (Buescu et al., 2015), relegando para ciclos posteriores a hiperonímia e a holonímia e perpetuando, assim, um ensino dicotómico e descontextualizado (Baptista et al., 2017).

A mudança deste cenário pressupõe um conhecimento científico atualizado por parte de todos os agentes educativos, razão pela qual abordaremos esta problemática em três momentos. Inicialmente, apresentaremos a noção de oposição, a sua relevância na estruturação do léxico mental e o modo como se torna produtiva para a caracterização das relações lexicais (Gutierrez Ordoñez, 1996), em particular, mas não exclusivamente, da antonímia, no quadro das relações múltiplas de identidade, inclusão, oposição e exclusão (Cruse, 2001). Seguidamente, avaliaremos as estratégias linguísticas disponíveis para a expressão de oposições antonímicas, convocando critérios semânticos e formais (Lyons, 1977; Coseriu, 1991; Lehmann & Martin-Berthet, 2008), mas também pragmático-discursivos, cognitivos (Teixeira, 2005) e históricos (Campbell, 1999). Finalmente, veremos de que modo os contributos da investigação em diferentes áreas da Linguística se refletem nos documentos orientadores do ensino em Portugal, comparando o modo como se preconiza a abordagem das relações lexicais nos documentos oficiais: Programas e Metas Curriculares de Português (2015) e Aprendizagens Essenciais (2018); sendo estas mais recentes, introduzem algumas modificações relevantes.


Agência de fomento:
Politécnico do Porto