Imprimir Resumo


Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Gramática e variação linguística em livro didático: contradições

Autores:
Clarice Cristina Corbari (UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná)

Resumo:

O objetivo deste trabalho é apresentar algumas contradições encontradas em um livro didático de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental no tocante à relação entre a apresentação dos conteúdos gramaticais e a abordagem da variação linguística, bem como refletir sobre alternativas de intervenção pedagógica para preencher possíveis lacunas nesse sentido. De maneira geral, ainda que nos últimos anos o livro didático tenha incorporado discussões sobre variação linguística, com base em resultados de investigações da Sociolinguística Variacionista e em estudos descritivos do português brasileiro, ainda permanece, em muitos casos, uma visão limitada e estereotipada. No que concerne ao trabalho com a gramática, a abordagem é frequentemente fiel à perspectiva da gramática normativa. Para fazer o cotejo entre a forma como o livro didático trata da variação linguística e como aborda a gramática, especificamente no que tange aos pronomes pessoais, selecionou-se uma coleção didática para um estudo descritivo-documental, com abordagem qualitativa. Recorre-se a estudos do sistema pronominal do português brasileiro, com base em autores como Duarte (1993), Menon (1995), Omena (1986; 2003), Lopes (1998; 1999; 2008), Neves (2002), Callou e Lopes (2003), Zilles (2005), Machado (2006), Ilari (2010) e Souza (2012), entre outros. Na interface com o ensino, considera-se autores como Soares (2000), Antunes (2003), Bortoni-Ricardo (2004; 2005; 2008) e Mollica (2007). Os resultados da análise mostram que há, no material didático em questão, certo distanciamento entre o postulado pela gramática normativa e o uso efetivo dos falantes no que concerne ao sistema pronominal do português brasileiro. Entende-se que a análise de livros didáticos é pertinente porque esses materiais constituem instrumentos poderosos nas escolas e, muitas vezes, acabam sendo os únicos instrumentos usados pelos professores durante suas aulas. No entanto, é preciso desenvolver propostas de aplicação pedagógica com vista a superar as fragilidades apresentadas nos materiais didáticos.