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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ESCRITA COMO INTERSUBJETIVIDADE NO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL: REFLEXÕES BRASILEIRAS PARA O ENSINO DA ESCRITA NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO FRANCÊS

Autores:
Alexandre Ferreira Martins (UPVM3 - Université Paul-Valéry Montpellier III) ; Magali Lopes Endruweit (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo:

Este trabalho tem como objetivo testar o método de ensino de escrita proposto para o ensino de português como língua adicional (PLA) em uma universidade francesa em comparação com o que se faz em uma universidade brasileira, onde é aplicado com alunos falantes de português como língua materna. O método aplicado baseia-se nas tipologias textuais e entende que o texto deva atender a quatro qualidades, denominadas Qualidades Discursivas: questionamento, objetividade, concretude e unidade temática. Lança-se um olhar sobre o uso da linguagem na aprendizagem da escrita com base na Linguística da Enunciação de Émile Benveniste. Em um primeiro momento, discute-se como o ensino de escrita na educação básica dos dois países impacta nos sistemas universitários: sobre o Brasil, explicita-se o debate sobre a importância atribuída à redação escolar no país e a possibilidade de se pensar um ensino da escrita socialmente construído, em que esta seja vista como intersubjetividade (ENDRUWEIT, 2006; SIMÕES et al., 2012). Para a França, procura-se descrever a presença de modelos de escrita no sistema básico de educação que influenciam sobremaneira o contexto universitário – sendo também por ele demandados –, o que acaba por impactar sobre a aprendizagem do português nas componentes curriculares oferecidas na universidade que fez parte deste estudo. Na sequência, são apresentadas as práticas envolvendo o método de ensino da escrita mencionado: a prática brasileira em língua materna, origem desta proposta pedagógica, e a aplicação, em língua adicional, mais particularmente em um curso de produção escrita e oral, no sistema universitário francês. O trabalho demonstrou que o entendimento da escrita como intersubjetividade pode contribuir para o aprendizado da língua adicional, uma vez que os estudantes passaram a se conscientizar, no contexto de ensino desta pesquisa, da relação de interlocução no ambiente da sala de aula e de sua própria relação com o português.