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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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Sobre o violento embate profano x sagrado: uma breve leitura da exaltação da sexualidade masculina no conto “Profanação”, de Moreira Campos.

Autores:
Anne Natalí Rodrigues Gomes (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará) ; Auricelio Ferreira de Souza (IFCE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará)

Resumo:

Esta proposta (em curso) objetiva discutir em que medida o embate entre as dimensões do sagrado x profano fazem emergir formas de violência tanto material, quanto simbólicas. Daí, propomos a leitura do conto Profanação, do cearense Moreira Campos (1914-1994), o qual, lança sobre as dimensões mencionadas, a problemática da exaltação da sexualidade masculina já quase num movimento de naturalização da primazia do macho. Na santificação ou demonização, o viril, o ereto, o fálus e suas fisiologias aparecem quase sempre exaltadas, com grande destaque para suas características. Nesse conto, tal embate ocorre no entorno de uma igreja de cidade interiorana, quando uma jumenta no cio atiça o sentido de um macho e instaura a instabilidade de todo o contorno do lugar. Disso resulta grande analogia quanto à potência do sexo sobre a natureza humana, atravessada por inúmeros dogmas e regras comportamentais, mas ainda assim, animalesca, figurada no texto, nos papéis sociais dos personagens que assistem à cena de crescente libido, a qual culmina com a invasão da igreja pelos animais e consumação do coito na sacristia: a penetração como ato de profanação.  

Na fundamentação buscaremos o amparo em reflexões de Pierre Bordieu (1975, 2002, 2003) e sua propositura de violência simbólica: aquela que se exerce pelo corpo, porém sem coação física, resultando, contudo, em danos morais e psicológicos tão profundos quanto à física, portanto, intrinsecamente presente nas mais variadas formas da vivência social. Também em Yves Michaud (1989), que reflete a violência como um fator decisivo na formatação do espaço urbano-periférico e seus níveis de relacionamento objetivo e subjetivo. Oportuna também é a reflexão de Serge Moscovici (2003) e o espaço que dá às chamadas minorias ativas dentro da Teoria da Representação Social.

Metodologia: análise estrutural da narrativa e do poder simbólico que cada agente (personagem) desempenha na tecitura da crescente tensão no texto.