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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


“LEMBRAR É RESISTIR”(?): DIZERES SOBRE O REGIME MILITAR EM DISPUTA

Autores:
Fernanda Luzia Lunkes (UFSB - Universidade Federal do Sul da Bahia) ; Silmara Cristina Dela da Silva (UFF - UFF)

Resumo:

No texto “Maio de 68: os silêncios da memória”, de 1998, Eni Orlandi destaca que há sentidos impedidos de significar, tais como aqueles relacionados à tortura, resistência e liberdade. A autora coloca em questão um não trabalho social até então realizado, a ausência de um “politicamente significado”, ainda que a autora faça a ressalva de haver um movimento de “referências públicas à tortura”, naquele momento circunscrito a uma discursividade policial. Na década de 2000, vários museus são inaugurados e um dos objetivos em jogo é colocar a circular dizeres sobre a ditadura, a tortura, a falta de liberdade, como o Memorial da Liberdade e o Memorial da Resistência. Nosso trabalho, filiado à Análise de Discurso que se desenvolve a partir dos trabalhos de Michel Pêcheux, tem como objetivo analisar recortes do espaço do Memorial da Resistência e de flagrantes de dizeres que circularam no espaço urbano nos últimos dois anos, a fim de situar algumas das tensões produzidas no discurso sobre o Regime Militar no governo brasileiro. Com Teixeira e Venturini (2016), compreendemos que os museus atuam como lugares “que guardam memórias” e que são constituídos por arquivos cuja seleção é definida também pelas condições de produção sócio-históricas. Com essa perspectiva, a partir de Pêcheux, não podemos deixar de considerar a contradição que trama a materialidade da língua e da história em suas relações constitutivas. Isso porque, no momento histórico no qual o espaço de museus como o Memorial da Resistência dedica-se a dizer, a mostrar, a fazer comparecer os efeitos político-econômico-afetivos da ditatura, passam a circular no espaço urbano, sobretudo nos últimos dois anos, dizeres em alusão ao regime militar, filiados a sentidos de elogio e reivindicação.