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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Rap e conexões lusófonas: a voz das margens

Autores:
James Deam Amaral Freitas (IFG - Instituto Federal de Goiás)

Resumo:

As noções de lusofonia e pós-modernidade, a despeito de suas aparentes dessemelhanças histórico-temporais, partilham aspectos que merecem uma análise mais acurada. Ambas apresentam definições contestadas, instauram-se no território da linguagem e são pródigas em ambiguidades, deslocamentos e pluralidades. É nesse cenário de múltiplos descentramentos e de efeitos da compressão espaço-tempo (HALL, 2204), que a lusofonia se articula como um espaço político transnacional, em que práticas identitárias e sistemas culturais são constituídos, ou subvertidos, na e pela língua portuguesa. E dentre os vários dispositivos contemporâneos de enunciação de um (possível) pertencimento lusófono, podemos destacar a música, sobretudo o rap, como manifestação sociocultural periférica, que transgride os limites geopolíticos dos estados nações e dos campos discursivos de poder (PINHO, 2001). Sob essa perspectiva, apresenta-se, então, uma análise crítico-comparativa de duas produções musicais: Um só coração, de MV Bill, NGA e Kmilla CDD e (A)tensão!, de Emicida e Capicua. Compostas e enunciadas por rappers de origens africana, brasileira e portuguesa, essas canções (des)contextualizam as noções de língua, pertencimento, identidades, globalização, implicações pós-coloniais, fronteiras, marginalização, racismo, xenofobia, dentre outros aspectos relevantes na discussão das narrativas lusófonas. Desse modo, a partir de uma leitura atenta do rap das “quebradas transatlânticas”, como enuncia Caetano Veloso na apresentação do álbum de Emicida, pretende-se discutir alguns fluxos e refluxos da lusofonia e suas implicações identitárias e sócio-político-culturais na contemporaneidade.