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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Da base à periferia da sentença: as estruturas de resumpção no Português Brasileiro

Autores:
Sinval Araújo de Medeiros Júnior (IFBA - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia)

Resumo:

Estruturas de resumpção nas línguas naturais costumam relacionar-se a constituintes situados na periferia da sentença: (01) [A próxima candidata]i Maria já conversou com [ela]i.; (02) [Qual candidata]i Maria já conversou com [ela]i?; (03) A candidata [que]i Maria conversou com [ela]i está aí. Atribui-se a ocorrência de tais estruturas à formação de uma configuração sentencial de “ilha sintática”; no entanto, as sentenças em (01), (02) e (03) ilustram estruturas de resumpção sem o contexto de “ilha”. O objetivo deste trabalho é propor uma análise para a presença de resumptivos nessas construções. Partindo do arcabouço teórico-metodológico da Teoria Gerativa, no Modelo de Princípios e Parâmetros conforme proposto a partir do Programa Minimalista (Chomsky, 1993; 1995), analisam-se dados do Português Brasileiro em que aparecem estruturas de resumpção (sentenças coletadas em situação de conversa espontânea e dados de instrospecção). Nesses tipos de sentença, o resumptivo está ligado a um constituinte em posição de tópico na periferia da sentença, cujo referente precisa estar acessível no discurso (LAMBRECHT, 1994), o que explica a agramaticalidade de resumptivos ligados a construções de foco: (04) *[Que livro]i que você precisa d[ele]i?; (05) *[O que]i que você precisa d[ele]i? Quando se associa esse aspecto, por um lado, à proposta de análise da estrutura interna dos pronomes pessoais do PB (Carvalho, 2008) e, por outro, ao fato de que a função de resumpção é executada por elementos pronominais comuns, os quais codificam traços-phi como definitude e especificidade (CERQUEIRA, 2015), é pertinente postular que a presença do resumptivo esteja associada à expressão de um traço particular que consegue ser expresso pela estrutura do constituinte deslocado. Adota-se a perspectiva de que o deslocamento envolve a formação de uma cadeia entre a periferia e a posição de base, com o conjunto dos traços copiados sendo realizados parcialmente no constituinte mais alto e no resumptivo.