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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


BOVARISMO, LIVRO E LEITURA: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA DE UM CONCEITO

Autores:
Camila David Dalvi (IFES - Instituto Federal do Espírito Santo) ; Maria Amélia Dalvi (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)

Resumo:

A noção teórica de “bovarismo” [bovarysme] constituiu-se no século XIX e, de lá para cá, transformou-se na processualidade histórica, no trânsito entre França e outros países. O objetivo deste trabalho é discutir a entrada e a circulação do termo bovarismo em suas diversas acepções no contexto brasileiro, tomando como fontes bibliográfico-documentais teorias da leitura, exercícios de crítica literária e textos jornalísticos. Agenciamos as noções de “arquivo” em Michel Foucault, de “conceito filosófico” em Gilles Deleuze e Félix Guattari e, enfim, reflexões sobre história e historiografia do livro e da leitura em estudiosos-chave da Nova História Cultural. Na primeira parte, contextualizamos o romance Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert, que forja o pretexto para a constituição da ideia de bovarismo no seio da Modernidade ocidental. E, no percurso, sinalizamos algumas das leituras críticas do romance no que concerne ao conceito focalizado. Em seguida, recuperamos a obra seminal de Jules de Gaultier, intitulada Le Bovarysme (1902), ainda não traduzida para o português, sistematizando ideias centrais a partir das quais o autor desenvolveu seu trabalho. Adiante, dialogando com as noções basilares para este estudo, problematizamos apropriações do conceito em diferentes campos da cultura escrita e impressa no Brasil e, eventualmente, na América Latina, pontuando diferenças e permanências em relação ao cenário francês. No encaminhamento das reflexões finais, mobilizamos a plasticidade da noção teórica de bovarismo para se pensar a contemporaneidade dos estudos sobre história e historiografia do livro e, principalmente, da leitura.