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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


AUTORIA E ARGUMENTAÇÃO NA ORALIDADE: O PAPEL DO ARQUIVO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Autores:
Lolia Maria Fonseca Reis Ferreira de Castro (USP - Universidade São Paulo)

Resumo:

Este trabalho tem como fundamentação a Análise do Discurso segundo Pêcheux (1990) e, também, a teoria do Letramento na perspectiva de Tfouni (2010). Confere-se na busca de um olhar sobre autoria, argumentação e letramento nas produções orais, a fim de refletir, teoricamente, acerca dos conceitos de linguagem, leitura, autoria e as práticas pedagógicas no cotidiano escolar.  Com base nessas considerações, o trabalho objetiva investigar como se configuram as práticas de linguagem em uma escola municipal, as quais, por diversas vezes, ignoram o grau de letramento dos sujeitos-alunos. Para isso, foi realizada uma coleta de dados, por meio de visitas semanais a uma escola pública de Educação Infantil, na região de Ribeirão Preto, pois entendemos que a Universidade pública tem compromisso com a escola pública básica, e esta constitui um campo abundante para a investigação e produção do conhecimento. Assim foram realizadas ao longo de um semestre, totalizando dez visitas, observações dos sujeitos-escolares no processo de construção dos sentidos, no tocante à argumentação e autoria no interior da sala de aula. Com base nas análises, observamos que quando o sujeitos-alunos são submetidos ao discurso pedagógico do tipo autoritário, o qual interdita a argumentação e provoca uma injunção ao dizer ou ao silêncio; logo, a autoria não vigora. Todavia, quando na sala de aula o discurso polêmico circula, quando a subjetividade tem espaço e quando o arquivo é trabalhado, a argumentação e a autoria desde a mais tenra idade e os anos escolares iniciais são praticadas na oralidade. Com base nisso, entendemos que o acesso ao arquivo, o exercício das práticas discursivas de argumentação e autoria e o respeito pelos sentidos produzidos pelos sujeitos-alunos podem alterar o percurso da sala de aula, abrindo espaços para a constituição de sujeitos-autores, antes mesmo de estarem alfabetizados.