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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Variação, avaliação e preconceito linguístico em Porto Murtinho/MS: um curso de letras, uma fronteira, muitas línguas

Autores:
Patrícia Graciela da Rocha (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

Resumo:

A realidade plurilinguística na cidade de Porto Murtinho/MS é bastante singular, pois fazem parte do dia a dia dos indivíduos daquele lugar pelo menos três línguas: o Português, o Espanhol e o Guarani, além das línguas indígenas que são faladas pelos habitantes das aldeias que rodeiam a cidade e que transitam livremente nos dois lados do rio Paraguai. Esse contexto de fronteira fluvial tão próxima e relativamente bastante povoada proporciona uma vivência cultural e linguística muito rica, mas que acaba gerando alguns conflitos nas escolas de Educação Básica quando se misturam dentro de uma mesma sala de aula alunos de diferentes etnias e, consequentemente, com diferentes línguas maternas e professores que, na maioria das vezes, não estão preparados para lidar com tamanha diversidade linguística e cultural. Nesse cenário, desenvolvemos uma pesquisa de percepção e atitude linguística ancorada nos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Laboviana objetivando verificar: a) Quais as línguas são faladas e/ou compreendidas pelo alunos da Educação Básica da Cidade de Porto Murtinho; b) A avaliação que esses alunos fazem dessas línguas; c) Se há manifestações de preconceito linguístico por parte dos alunos da Educação Básica na cidade de Porto Murtinho; d) Como os alunos se sentem e como eles reagem diante de uma situação de Bullyng linguístico; e) As motivações das avaliações positivas e negativas acerca das línguas que coexistentes naquele lugar e f) O status social de cada uma dessas línguas. Elaboramos um questionário de percepção e atitude linguística e aplicamos a 145 alunos de duas escolas de Educação Básica da cidade. Dentre os resultados obtidos podemos destacar o fato de o Português, o Espanhol e o Inglês serem línguas de prestígio para os sujeitos da pesquisa enquanto o Guarani e as demais línguas de matriz indígena sofrem com o desprestígio e com o preconceito linguístico.