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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo

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DA PÁGINA PARA A LINHA: A MICROCRÔNICA EM TEXTOS CLARICEANOS

Autores:
Larisse da Silva Nolasco (UFAL - Universidade Federal de Alagoas)

Resumo:

Mikhail Bakhtin salientava a diversidade dos gêneros do discurso, uma vez que a “variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade comporta um repertório de gêneros que vai diferenciando-se e ampliando-se à medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa.” (BAKHTIN, 1997, p. 279). Tais reflexões contribuíram para que gêneros tidos como “menores” pudessem ser incluídos como objeto de pesquisa e análise, caso da crônica. Desde a nomeação, em Portugal, no ano de 1434, de Fernão Lopes como cronista-mor, ela tem sofrido inúmeras alterações, mas não perdeu uma de suas mais distintas características: ser analisada como gênero híbrido, como bem expressa o questionamento proposto por Clarice Lispector em um de seus textos, datado de 1968: “Crônica é um relato? É uma conversa? É o resumo de um estado de espírito?” (LISPECTOR, 1992, p. 112). Em A descoberta do mundo, livro que reúne suas crônicas, observa-se um gesto novo no tocante à estrutura do gênero: a escritora parece subverter o senso comum concebido acerca da extensão e perspectiva de temas cronísticos, publicando o que poderiam vir a ser denominadas microcrônicas, textos com a variação de uma até dez linhas. Paulo Valente, filho de Lispector, fala, em entrevista, sobre a possibilidade dessas microcrônicas clariceanas terem antecedido às concepções de redes sociais, como o facebook e o twitter, devido ao tamanho mínimo e ao cunho tão particular, chegando muito próximo de rascunhos de pensamentos e/ou anotações. Este trabalho, de perspectiva bibliográfica qualitativa, orientado pela Profª Drª Karla Renata Mendes, buscará analisar a ocorrência de algumas dessas microcrônicas, procurando traçar linhas temáticas aproximativas à estrutura condensada destes. A fundamentação teórica aporta-se em Cândido (1992), Virgínia Woolf (1928), Simone de Beauvoir (1949), Bender e Laurito (1993), Bakhtin (1997).