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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Política, linguagem e democracia no discurso político: um estudo sobre a janela de Libras nas propagandas eleitorais de 2018

Autores:
Sérgio Pereira Maiolini (UNEMAT - Universidade do Estado de Mato Grosso)

Resumo:

Este estudo analisa programas políticos eleitorais televisivos de candidatos à presidência da República e a deputado federal na eleição de 2018 no Brasil, questionando a democratização de linguagens e discursos através da utilização da Língua Brasileira de Sinais – Libras. O objetivo é verificar como esses programas atendem à Norma 15290 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que regula a inserção da janela de Libras na televisão como condição necessária para a cidadania de eleitores surdos. A metodologia adotada é quantitativa e documental. Foram analisadas 12 propagandas de candidatos à presidência e 37 propagandas de candidatos a deputado federal no Estado do Mato Grosso. Utilizou-se a Análise de Discurso de linha francesa para refletir questões acerca da posição dos sujeitos e das condições de produção do corpus aqui em análise, bem como os conceitos da ciência política e direitos humanos para problematizar aspectos como cidadania, democratização da participação eleitoral das minorias sociais, direitos políticos e inclusão. A análise dos dados mostrou que os programas estão fora da Norma que regulamenta a janela de Libras estabelecida como sendo no mínimo metade da altura da tela do televisor e a largura da janela deve ocupar no mínimo a quarta parte da tela do televisor. Assim, a propaganda eleitoral não promove a formação política do surdo que depende da Libras, pois a visualização da janela fica comprometida e inteligível. Em nenhum dos programas analisados a Norma foi atendida, sendo marcante a inadequação das janelas que demonstra não haver preocupação com os surdos. O estudo conclui que por ser a língua um objeto simbólico de poder, a inadequação das janelas de Libras das propagandas eleitorais repercute na exclusão dos sujeitos surdos e assim contribui para a manutenção de uma democracia limitada e para a negação dos direitos humanos que a própria legislação garante.