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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


NOMES PARA O PÁSSARO “JOÃO-DE-BARRO”: AQUI OU ACOLÁ?

Autores:
Luciene Gomes Freitas Marins (UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL )

Resumo:

Na contemporaneidade, a compreensão dos processos migratórios tem sido de grande relevância para a discussão da variação linguística. Nesse entendimento, este trabalho tem como objetivo descrever uma parcela de dados obtidos no âmbito de um projeto mais amplo sobre o português falado por nordestinos e por seus descendentes em situação de contato no sul do Mato Grosso do Sul. Neste estudo foram analisadas as respostas obtidas para a pergunta 13 vinculada à área semântica da fauna, do Questionário Semântico-Lexical (QSL/013) utilizado para a pesquisa: “Como se chama a ave que faz a casa com terra nos postes, nas árvores e até nos cantos da casa?”. Os dados foram coletados em dois distritos e em três municípios do estado do Mato Grosso do Sul, situados no território da extinta Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), totalizando cinco pontos: distritos de Vila Vargas e Vila São Pedro; município de Fátima do Sul, de Jateí e de Glória de Dourados. Os princípios teórico-metodológicos foram buscados à luz da Geolinguística Pluridimensional e Relacional (RADTKE, THUN, 1996), considerando, para o nível lexical, as dimensões diatópica, diassexual, diastrática e diageracional. No conjunto geral dos dados, os informantes mencionaram, por meio da técnica de pergunta em três tempos (pergunta, insiste e sugere), cinco denominações para o conceito contemplado: joão-de-barro, maria-aninha e joanica-de-barro (obtidas por meio de pergunta e insistência); e joão-barreiro e joana-de-barro (obtidas por sugerência dessas designações, já que são comuns no falar do Nordeste). Diferentemente das respostas espontâneas, as sugeridas foram assim sinalizadas pelos entrevistados: “as conhecem, mas não as usam no dia a dia”, uma vez que optam pelo uso dos nomes mais comuns no Mato Grosso do Sul. Enfim, a comparação dos dados fornecidos por informantes nordestinos e pelos descendentes contribuem para o entendimento dos usos dialetais dos grupos com maior mobilidade espacial.