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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


As 17 palavras que tenho a dizer: o uso de haicais nas aulas de PLE

Autores:
Caio César Christiano (IPM - Instituto Politécnico de Macau)

Resumo:

Uma educação em línguas de cariz predominantemente humanista pressupõe uma busca constante pelo que une e liga os diferentes povos e culturas e é, portanto, antagônica a toda insistência exagerada na distanciação e discriminação das práticas culturais do aprendente em contraste com as culturas representadas pelos povos que praticam a língua que ele procura aprender, assim como se opõe forçosamente à formação de juízos de valor pré-fabricados a respeito destas culturas.

Os exercícios poéticos com a forma poética conhecida como Haicai (ou Haiku), de origem japonesa, foram constantemente cultuados por grandes poetas do século XX brasileiros tais como Mário Quintana e José Paulo Paes e constituem um ótimo exemplo de uma tentativa de aproximação entre culturas em que a dicotomia oriental/ocidental perde o sentido para dar lugar ao que é predominantemente humano.

A sua forma mais ou menos fixa –  geralmente um terceto cujos primeiro e terceiro versos têm 5 palavras e o do meio 7 –, e a extrema liberdade com a utilização da língua que propõe, em que a beleza imagética é mais relevante do que a coerência gramatical, proporciona uma base sólida para que os aprendentes de PLE possam realizar exercícios escritos de forma lúdica e que, ao mesmo tempo, possibilitam um controle sobre o nível de intimidade que os autores querem dar a seus textos.

Nesta comunicação, relatamos nossas experiências com o uso de haicais em aulas de Português como Língua Estrangeira (PLE) na China. A proximidade entre esta forma poética e estilos de poesia conhecidos e reconhecidos pelos aprendentes em suas línguas maternas proporcionou resultados significativos e que podem ser utilizados por turmas de quase todos os níveis propiciando um quadro fértil para uma interação cultural entre todos os envolvidos no processo pedagógico.


Agência de fomento:
Instituto Politécnico de Macau