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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


LITERATURA E SENTIDOS DE PRECONCEITO RACIAL EM DISCURSO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Autores:
Ana Paula Alberto Lopes (USP - Universidade de São Paulo - campus Ribeirão Preto)

Resumo:

Defendemos ser direito dos sujeitos-alunos o acesso à literatura, desde os anos escolares iniciais da Educação Básica, para que eles percorram os espaços vazados dos textos literários, podendo questionar sentidos que circulam , e sobretudo, desnaturalizar discursos cristalizados, ao longo da história, como se fossem únicos e verdadeiros. Não só determinados temas ficam silenciados, no contexto escolar, como o preconceito racial, mas, também, o acesso ao arquivo, entendido como campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma dada questão (PÊCHEUX, 1997). Partimos do princípio de que a constituição do arquivo e seu acesso são fundamentais para a interpretação do literário. Filiados à Análise de Discurso pecheuxtiana, sentimo-nos instigadas a trabalhar com textos da literatura infantil que abordem a questão do preconceito racial a fim de constituir um arquivo e romper com o silêncio que circunda a temática no contexto escolar. A pesquisa foi realizada em uma escola pública de Ribeirão Preto com sujeitos-alunos que frequentavam o quinto ano do Ensino Fundamental. Nossa metodologia sustentou-se em um dispositivo teórico-analítico capaz de analisar marcas linguísticas que se referem à questão racial, as quais, para o analista de discurso, indiciam pistas de um funcionamento discursivo (GINZBURG 1980). As análises apontam que os sujeitos da pesquisa não tinham acesso a um arquivo sobre a questão dos negros e o preconceito contra eles. A prática da argumentação não se configura como uma prática pedagógica recorrente no contexto escolar, tampouco sobre um tema polêmico, e ressaltamos, também, o silêncio como parte constitutiva do dizer. Após o acesso ao arquivo que constituímos com os sujeitos, nosso corpus aponta para movimentos de ruptura com o silêncio. Como resultado, podemos dizer que o trabalho com os textos literários colaborou para dar início a um espaço discursivo, colocando a literatura como direito fundamental dos sujeitos-alunos.


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