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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


REPRESENTAÇÕES DA ESCRAVIDÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO E A INTER/MULTIDISCIPLINARIDADE

Autores:
Kattylâne Araújo da Silva (UNEB - Universidade do Estado da Bahia)

Resumo:

Este trabalho propõe fazer uma análise crítica das representações da escravidão em textos presentes nos livros didáticos de História e Literatura no Ensino Médio adotados pelo Colégio Estadual Wilson Lins no município de Valente – BA durante as edições do PNLD de 2009 à 2018, para compreender como estereótipos, lacunas e exclusões desse assunto nos materiais didáticos podem interferir na perpetuação ou desconstrução de discursos e práticas discriminatórias. O diálogo teórico com textos de autores como Roger Chartier e Erich Auerbach tem sido importante para a compreensão acerca da representação, além da rica contribuição de trabalhos dedicados ao estudo da representação do negro na historiografia didática e na literatura brasileira. A metodologia inicial da pesquisa foi a partir do contato com o material didático das duas disciplinas, o que tem sugerido o quanto há de possibilidades para que a inter/multidisplinaridade aconteça, de modo a evidenciar a relevância desta para a construção de uma aprendizagem que promova a criticidade sobre o que são impostos aos estudantes da educação básica como verdade. Realizar essa discussão com os estudantes não significa desvalidar os conteúdos do material didático mas, instigá-los à análise dos discursos que são produzidos para que haja uma efetiva compreensão da dinamicidade e pluralidade do processo histórico. Diante dessa necessidade, a interação entre História e Literatura como disciplinas que narram esse processo é indispensável, entendendo uma como narrativa factual, investigativa e plural, e a outra como espaço no qual se ler e se discute acerca de textos artísticos em que se entrelaçam o real e o verossímil, portanto, capaz de falar sobre a história sem perder seu caráter imaginativo e poético, como dito pela voz aristotélica, denunciando o que a história, muitas vezes, insiste em ocultar.