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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O cheiro sulfúrico do milênio em O mundo à solta de Felipe Fortuna: um estudo discursivo da biopolítica na poética contemporânea.

Autores:
Luzimara de Souza Cordeiro (IFES - Instituto Federal do Espírito Santo)

Resumo:

Por meio do seu enfoque do biopoder, Foucault demonstra a transformação que ocorreu com o poder soberano, a partir do momento em que se tem a vida como prioridade. Foucault observou que, mesmo a vida passando a representar o componente político por primazia, o que notamos não é a diminuição da violência. As condições exigidas pelo biopoder, o estímulo à vida da população não se afastam da frequente produção da morte, dentro e fora de uma sociedade biologicamente uniforme. Assim, a biopolítica é, ao mesmo tempo, tanatopolítica, pois assegura tanto o estímulo à vida, quanto o seu trucidamento. Agamben, diferentemente de Foucault, relaciona a biopolítica ao pensamento político ocidental, defendendo que o poder soberano se relaciona à definição de corpo político, que é também filosófica. Toda essa realidade é captada pelos versos do carioca Fortuna, escritor com olhar de poeta/diplomata, que encontra, no cotidiano da diplomacia, matéria viva para produzir uma literatura reflexiva e comprometida com a realidade social. E, sob esse olhar, publicou O mundo à solta (2014), coletânea de poemas, obra corpus de investigação deste trabalho, que tem o propósito de empreender uma reflexão crítico-analítica que evidencia como o poeta faz de sua lírica uma comunicação ética e política. Para o desenvolvimento metodológico da pesquisa, alguns pressupostos teóricos da obra de Michel Foucault, Giorgio Agamben, Zigmunt Bauman, entre outros teóricos serão incorporadas ao trabalho para embasar as discussões conceituais entre biopoder, biopolítica e os estudos discursivos, por meio da análise dos versos do poeta Felipe Fortuna, examinando como esses vínculos de poder estão estilisticamente trabalhados na lírica do escritor Fortuna para evidenciar como a ficção, por meio da verossimilhança, se conecta com a teoria abordada no trabalho e faz com que a lírica do diplomata respire o cheiro sulfúrico do milênio.