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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Consequências do contato linguístico entre a Língua Geral Brasílica e Português

Autores:
Bárbara Heliodora Lemos de Pinheiro Santos (UNB - Universidade de Brasília)

Resumo:

Diante da tamanha diversidade linguística encontrada no território brasileiro durante a colonização, houve a necessidade de se escolher uma língua supraétnica para a administração da colônia e catequização dos indígenas. Na região litorânea do território brasileiro, a língua escolhida foi o Tupinambá – língua de uso generalizado em grande parte da costa (cf. Altman, 2003). Em 1616, ao se iniciar a colonização portuguesa no Maranhão, no Pará e na Amazônia, houve uma interação entre portugueses e falantes de Tupinambá que desencadeou o surgimento de uma população mestiça de mães indígenas e de pais portugueses, cuja língua de comunicação era o Tupinambá (Rodrigues, 1996). Essa língua supraétnica foi diferenciando-se do Tupinambá e passou a ser chamada de Língua Geral Brasílica (LGB). Atualmente, a LGB é falada no Alto Rio Negro e é chamada de Nheengatu desde o século XIX. O objetivo deste trabalho é, então, investigar quais foram as consequências para o inventário fonológico da LGB desse duradouro contato. Essa investigação se dará a partir da análise de empréstimos lexicais, vindos do Português para a LGB, com ou sem adaptação fonológica. Os dados serão levantados a partir da vasta uma documentação histórica existente sobre a LGB que se divide em gramáticas, catecismos, vocabulários, dicionários e registro de lendas em Nheengatu. O que já se pôde perceber, por exemplo, é a ascensão da fricativa pós-alveolar surda /ʃ/ como fonema (alofone da fricativa alveolar surda /s/ até por volta do século XIX) e o desaparecimento das pré-nasalizadas [mb, nd e ŋg], segmentos que podem ter auxiliado na emergência da tripla oposição /b, d, g/ e /m, n e ɲ/.


Agência de fomento:
UnB