O presente estudo tem como finalidade compreender os efeitos de sentido produzidos sobre/pelos alcoólatras, através de depoimentos de pessoas dependentes do álcool. Assim, nossa pesquisa toma como material de análise os depoimentos, para analisar como o sujeito alcoólatra se identifica, significa e é significado nesse espaço de dizer. Para tanto, tomamos como referencial teórico-metodológico a Análise de Discurso, que tem como precursores, Michel Pêcheux, e Eni Orlandi. Assumir essa posição teórica implica compreender o discurso, seu objeto, enquanto “efeitos de sentido entre os interlocutores” (Pêcheux [1969] 1997, p. 82), pois a Análise de Discurso nos ensina que o sentido não é determinado pelo sujeito que diz, mas sim pelo efeito produzido no outro. Esse discurso só pode ser constituído por um atravessamento da memória, da história e da ideologia, fatores externos que afetam a construção linguística e que fazem com que o sentido migre, deslize-se e não seja sempre o mesmo. Desse modo, “sujeito e sentidos se configuram ao mesmo tempo e é nisto que consistem os processos de identificação [...] identificamo-nos com certas ideias, com certos assuntos, porque temos a sensação de que eles ‘batem’ com algo que temos em nós. Ora este algo é o que chamamos de interdiscurso, o saber discursivo, a memória dos sentidos que foram se constituindo em nossa relação com a linguagem.” (ORLANDI, 1998, p.206). O corpus desta pesquisa será constituído por diferentes depoimentos produzidos por dependentes alcoólatras, retirados de sites autorizados da internet. Através dos dizeres dos sujeitos que relatam sobre sua experiência com o alcoolismo, teremos acesso ao conhecimento sobre o modo como os dependentes alcoólatras se identificam e compreender em que medida eles se consideram portadores de uma doença que necessita de ajuda, ou por qual motivo existe uma resistência em não aceitar ser um dependente.