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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A METAMORFOSE DA ONÇA EM JOEL RUFINO DOS SANTOS

Autores:
Izabely Barbosa Farias (UFAM - Universidade Federal do Amazonas)

Resumo:

Para falar da presença da metamorfose da onça no imaginário amazônico, recorreremos à análise do livro Vida e Morte da Onça-Gente, de Joel Rufino dos Santos, cujas metamorfoses rementem a duas lendas presentes no Peru, a saber: Yanapuma e Minayama. Tanto o felino da narrativa quanto o das lendas são seres fantásticos que ora são humanos ora são onças, além de provocarem medo nos ambientes em que se manifestam. Desse modo, Santos (2006) apresenta no ambiente ficcional o valor do imaginário que transmite, entre as gerações, os fatos e feitos dos seres fantásticos habitantes das lendas e vivos no modo de pensar amazônico. As metamorfoses da onça na narrativa mostram algo específico dos povos da Amazônia: a crença na transformação de seres fantásticos em seres humanos e vice-versa, o resgate da herança da cultura indígena e a ligação dos povos da Amazônia com a natureza. Dessa maneira, a narrativa de Santos (2006) atualiza a importância das lendas no imaginário das populações e seus aspectos residuais na ficção, no caso, a metamorfose do felino que transita entre o modo de pensar dos povos da Amazônia e o meio ficcional em Vida e morte da onça-gente. Fundamentamo-nos na teoria da Residualidade Literária e Cultural sistematizada por Roberto Pontes (1999, 2015), com destaque às categorias de imaginário, hibridação cultural, cristalização e resíduo; em Mircea Eliade (1972) para falarmos de mito e metamorfose; em Luís da Câmara Cascudo (2012) para investigação da onça nas lendas brasileiras e amazônicas; e ainda em Ricardo Virhues e Aliza Yanes (2018) a fim de apontar, por meio das lendas do Yanapuma e do Minayama, os aspectos do imaginário amazônico presentes na narrativa de Joel Rufino dos Santos.