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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


REGIMES DE CRENÇA E REGIMES DE LEITURA: LENDO NA ESCOLA EM TEMPO DE FAKENEWS

Autores:
Luiza Helena Oliveira da Silva (UFT - Universidade Federal do Tocantins)

Resumo:

Este trabalho pretende discutir regimes de leitura a partir das reflexões em torno dos regimes de crença (FONTANILLE, 2014), considerando implicações para o trabalho com o texto no contexto escolar. Nossa reflexão ainda inicial considera a mobilização de recursos verbais e não verbais na construção do efeito de verdade, as dificuldades que se apresentam na apreensão da enunciação como ironia e os níveis de pertinência de análise semiótica que demandam ser mobilizados para a produção de sentido diante da efervescência das mídias hibridizadas e o aparente obscurecimento dos contratos de leitura. O corpus se constitui de mensagens publicadas em redes sociais, o que inclui considerar a diversidade de gêneros textuais, seu hibridismo e ainda a opacificação do enunciador em função de diferentes modos de compartilhamento e citação. Partimos do pressuposto de que a semiótica discursiva apresenta ferramentas que podem contribuir para o tratamento da leitura na escola frente ao contexto da multiplicação das formas de produção e complexificação dos modos de apreensão do texto e na emergência de práticas culturais contemporâneas. No âmbito de uma semiótica didática, cabe apontar para a urgência de ultrapassar a compreensão de leitura como decodificação, enunciada na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) que legisla sobre o ensino de língua e literatura na educação básica. Na mesma direção, reitera a recusa à orientação pragmática que orienta a leitura dos gêneros na escola ao privilegiar a produção textual, reduzindo a leitura às urgências de apropriação das características genéricas ou identificação das pretensas “condições de produção”. Ler os textos e ler o mundo em tempos de pós-verdade é mais do que uma preocupação didática: é também uma opção política.