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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Identidade e formas de vida na constituição do sujeito fragmentado: uma análise do conto “Espiral”, de Giovani Martins.

Autores:
Odair José Moreira da Silva (IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo)

Resumo:

Uma das bases inerentes à criação literária reside na constituição do sujeito narrativo em busca de uma identidade figurativa no texto. Cria-se, assim, uma identidade meticulosamente atrelada às suas ações enquanto reflexo de certas práticas culturais que engendram seu percurso, rumo ao estabelecimento ou de sua emancipação, ou de sua dependência diante dos preceitos culturais que o cerca. Nesse sentido, o conto contemporâneo apresenta certas facetas que identificam o sujeito narrativo ora como alguém atrelado a uma formação “iluminista”, ora constituído por um ideal sociológico, e, por fim, ora fundamentado pela “pós-modernidade”, em que pesa a sua própria fragmentação. Seja qual for a formação do sujeito, essas três modalidades, conceitos oriundos dos Estudos Culturais, colocam em xeque a própria prática, o modo de agir do sujeito narrativo, pois, se ele próprio estiver em vias de uma desconstrução de identidade, tal fragmentação irá postular um novo percurso, uma nova forma de vida, e, por consequência, uma nova identidade em construção. Adotando o ponto de vista dos Estudos Culturais, no que tange à identidade cultural na pós-modernidade, bem como do ponto de vista discursivo sobre as formas de vida como fundamento de uma prática social e cultural, o que se pretende aqui é mostrar como a identidade inicial de um sujeito, no agir e no pensar, pode ser modificada e fragmentada pelo olhar e pelas práticas e formas de vida de outros para reassumir uma nova identidade, rumo a um patamar inesperado, fruto do apagamento de uma identidade já estabelecida. Nesse sentido, analisaremos o conto “Espiral”, de Geovani Martins, em que se verificará como essa identidade inicial e já determinada, enquanto prática e forma de vida, é desmantelada e apagada por outras práticas e formas, estabelecendo, como resultado, o engendramento de um novo percurso identificador, fruto de uma esfera cultural determinante.