OS (DES)LIMITES DO SEXO E DA MEMÓRIA: A PERSONAGEM FEMININA NA ESCRITA DE OSMAN LINS | Autores: Raul Gomes da Silva (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ) ; Márcia Rejany Mendonça (UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ) |
Resumo: Conhecido pela renovação dos meios expressivos da ficção brasileira do século XX, Osman Lins deixou um legado cultural para a nossa literatura: o de repensar as formas de concepção da narrativa. A atenção dada ao espaço literário, a questão do medievalismo e do orientalismo são alguns dos elementos responsáveis pela linguagem polissêmica de seus textos. Avalovara (1973) é um dos romances mais representativos a esse respeito, pois ele evidencia a transposição da linguagem verbal para a pictórica, precisamente pela utilização do palíndromo mágico sobreposto à espiral e ao quadrado, que, juntos, ornamentam o romance, construído à luz de um trabalho rigoroso com a palavra. Baseado na tríade e na década, o romance supracitado traz em seu bojo personagens feitas de cidades, de seres humanos, de símbolos e de palavras. Este trabalho tem o objetivo de analisar essas formas de construção da personagem feminina de Lins, especificamente a andrógina Cecília, uma das três mulheres protagonistas do romance Avalovara. A partir da investigação dos processos de escrita do seu corpo, buscamos compreender duas questões primordiais para este trabalho: primeiro, como se configura os limites discursivos dos sexos masculino e feminino, uma vez que o corpo andrógino subverte essas duas categorias, na medida em que congrega num só corpo ambas as sexualidades; e, em segundo lugar, perceber como as figuras que estão integradas ao corpo de Cecília fazem parte de uma memória coletiva, especificamente, a memória do povo nordestino. Estabelecemos diálogo com Butler (2010) e Foucault (1999), acerca da construção discursiva do sexo e sexualidade, e com Halbwachs (2006) sobre a questão da memória coletiva. O estudo deseja apontar as diferentes formas de compreensão tanto da personagem osmaniana, que rompe com a tradicional linearidade desse agente da narrativa, como também deseja contribuir para as discussões acerca da sexualidade e da memória.
Agência de fomento: CAPES |
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