O trabalho com a literatura, nos anos iniciais da Educação Básica, não costuma formar leitor literário, pois, geralmente, transita por extremos: mera fruição ou escolarização do livro. Não se sabe ao certo os motivos pelos quais isso acontece. Entretanto, levantam-se algumas hipóteses: 1. em virtude da ausência de formação direta ou indireta dos professores para se trabalhar o livro literário na escola; 2. porque muitos educadores ainda concebem o texto literário como pretexto: ensino da língua e/ou para se aprender valores; 3. pelo fato de os professores direcionarem a mediação do livro a partir de roteiro de leituras e/ou de sequências didáticas, não valorizando a experiência literária e a multiplicidade de rotas para construção dos sentidos; 4. em razão da complexidade da linguagem poética e da concepção do que é formar leitor literário; 5. uma vez que os professores, na busca de se promover o “gosto” pela leitura literária, preferem explorar produções já experimentadas/testadas por eles, enquanto leitores, na infância, e 6. porque os educadores têm bastante dificuldade na hora de fazer a curadoria das produções literárias, em especial, as contemporâneas. Diante disso, à luz de Andruetto (2017), Candido (2004) [1970], Coelho (2000), Devetach (2008), Lajolo (2017), Larossa (2015), Pound (2006) [1934], esta comunicação propõe refletir sobre a formação do leitor em sala de aula, buscando discorrer sobre os desafios que as produções literárias contemporâneas para infância impõem ao leitor e à escola.