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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


TRANSPARÊNCIA E OPACIDADE NA LUSOFONIA: A REFERÊNCIA CRUZADA NAS VARIEDADES AFRICANAS DO PORTUGUÊS

Autores:
Gustavo da Silva Andrade (UNESP - Universidade Estadual Paulista)

Resumo:

A Lusofonia tem sido estudada por diversas correntes teóricas, considerando-se a variedade de falantes, de regiões e de contextos socioculturais diferentes. Neste trabalho, à luz dos pressupostos teóricos da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), descreveremos o fenômeno de transparência e de opacidade (HENGEVELD, 2011; LEUFKENS, 2015), especificamente, na expressão do argumento sujeito, nas variedades africanas do português falado contemporâneo. Pretendemos verificar e analisar as diferenças de comportamento, quanto à expressão e à codificação da categoria de pessoa, de modo a ser possível identificar as motivações funcionais e formais que levam o argumento sujeito de uma oração a ser expresso ora apenas pelo afixo verbal, sem necessitar de pronome correferente e referencial (Não sabíamos de nada), ora de forma duplamente marcada, quando o sujeito é expresso simultaneamente por meio de uma forma pronominal e um afixo verbal (Eu comi o bolo todo), situação essa que a literatura denomina de referência cruzada (HENGEVELD, 2011; 2012). A fim de identificarmos as propriedades transparentes e opacas dessas variedades do português, procederemos a uma análise comparativa de dados do português falado do século XX e XXI, compilado pelo Córpus Lusófono (NASCIMENTO, 2001). Com nossas análises, será possível determinar, qualitativa e quantitativamente, o grau de transparência dessas variedades, quanto à expressão do argumento sujeito. Assim, podemos estabelecer, para o fenômeno em análise, uma hierarquia implicacional de transparência. Defendemos a tese de que o português não está caminhando para um contexto de transparência, como alguns estudos parecem apontar (GALVES, 1993; MATTOS E SILVA, 2006), mas, sim, para um contexto de opacidade, decorrente da redução do paradigma de conjugação verbal e da mudança no sistema pronominal, ocasionando a expansão do morfema zero (-Ø, de terceira pessoa do singular) para outras pessoas do discurso, gerando, dessa forma, contextos de ambiguidade e dificultando, pois, a identificação do referente no discurso.


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