Neste trabalho, apresentam-se os resultados do estudo realizado sobre a conceptualização do amor, no século XIX, a partir de um corpus representativo composto por cartas de amor. Tem-se por objetivo investigar nesses textos como o amor é conceptualizado metaforicamente, identificando quais fatores sócio-cognitivo-históricos interferiram nesse processo. Os pressupostos teóricos-metodológicos que nortearam esta pesquisa foram os da Linguística Cognitiva, mais especificamente da Teoria da Metáfora Conceptual (LAKOFF e JOHNSON, 1980; 1999; GRADY, 1997; KÖVECSES, 2002), Teoria Neural da Metáfora (LAKOFF, 2008; 2012) e da Teoria dos Esquemas de Imagem (LAKOFF, 1987; JOHNSON, 1987; PEÑA CERVEL, 2012). Sabe-se que os estudos desenvolvidos no âmbito da cognição, são por natureza heterogêneos, enfocando a interdisciplinaridade ao buscar dialogar com outras áreas do conhecimento. Em vista disso, para a interpretação do corpus em estudo foi estabelecido um diálogo interdisciplinar com outras áreas do saber que têm como foco as emoções e/ou os relacionamentos amorosos, que são relevantes para a compreensão do amor, como os estudos da Psicologia (STERNBERG, 1988, 2006), da História (DEL PRIORE, 2015), da Neurociência (FISHER, 2015; DAMÁSIO, 2000; 2012 [1994]), dentre outros. Desse modo, através da observação das formas de conceptualização do amor, no corpus selecionado, discutiu-se sobre os mapeamentos metafóricos e os esquemas de imagens que estruturam esses mapeamentos. As expressões linguísticas instanciaram, prioritariamente, nos documentos investigados, as metáforas AMOR É POSSE, AMOR É UNIDADE e AMOR É FLUÍDO NUM RECIPIENTE, estruturadas pelos esquemas imagéticos RECIPIENTE, PARTE/TODO, DENTRO/FORA, CONTATO e LIGAÇÃO.