A obra do Círculo de Bakhtin chegou ao ocidente apenas no final dos anos setenta e contribui de forma bastante profícua para o ensino de línguas, principalmente, para o ensino de Língua Portuguesa. O conceito de gêneros do discurso, empregado pelos autores do Círculo, revela a necessidade de se pensar na configuração de enunciados que se realizam numa determinada dimensão social e numa determinada dimensão verbo-visual (RODRIGUES, 2001; 2005; ACOSTA-PEREIRA, 2012). Portanto, neste trabalho, teve-se por objetivo analisar de que forma os enunciados se constituem, sob a forma de um gênero discursivo, tendo em vista suas dimensões constitutivas. O corpus de pesquisa originou-se a partir de enunciados vinculados à rede social Facebook, especificamente, da página “Quebrando o Tabu”, pois são enunciados vivos e concretos, vinculados a um ambiente social real, que atendem a um propósito discursivo bem definidos pelos interlocutores. Pensando nisso, observou-se que nesta era digital, hipermoderna (ROJO; BARBOSA, 2015), os enunciados passam a incorporar signos ideológicos de natureza multissemiótica e multimodal em seu escopo constitutivo. Em virtude deste novo fenômeno e desta nova constituição dos gêneros, pautamos nossas reflexões na teoria do Círculo de Bakhtin, em trabalhos de pesquisadores contemporâneos que dialogam com tal perspectiva e em autores que trabalham com as múltiplas faces semióticas dos enunciados. Trata-se, portanto, de uma pesquisa inserida no campo da Linguística Aplicada, que se propõe a dialogar com outras áreas das ciências humanas. Recorre-se ao método sociológico como amparo para as reflexões tecidas, uma vez que se parte do estudo de um plano extraverbal, para um plano verbo-visual, objetivando-se entender como os aspectos sociais determinam as escolhas estilístico-composicionais dos enunciados. Os resultados parciais obtidos apontam para uma nova configuração digital, principalmente, no que tange aos conceitos de autoria, horizonte axiológico e estilo de linguagem.