Esta comunicação é resultado da primeira etapa do projeto Representação e visibilidade de gênero e sexualidade periféricos na imprensa hegemônica brasileira, tendo como objetivo a investigação de como pessoas não-heterossexuais e não-cisgêneras recebem visibilidade na imprensa dominante do Brasil. O corpus foi constituído de notícias dos primeiros 17 anos do século XXI sobre o grupo populacional tematizado, publicados pela Folha de S. Paulo, jornal diário brasileiro de maior circulação e tiragem dos últimos 13 anos. A pesquisa descreveu e interpretou recursos contextuais potencialmente capazes de produzir a visibilidade desses atores de corpos e existências dissidentes enquanto agentes das suas próprias ações individuais ou coletivas, a fim de compreender a construção de sentidos criada pela imprensa a partir dessa visibilidade. Para sustentar teoricamente tal investigação, mobilizamos os pressupostos impressos na Análise Crítica do Discurso, seguindo os enfoques feitos pelos linguistas Teun van Dijk (1996) e Norman Fairclough (2003), levando à reflexão sobre o papel da linguagem como elemento constitutivo das práticas sociais. Examinamos macrocategorias de análise da visibilidade do texto jornalístico impresso e registramos 190 notícias, que foram submetidas à análise quantitativa e à análise interpretativa dos resultados que a análise quantitativa gerou, sendo a leitura desse segundo exame coadunada a um olhar sobre a conjuntura social da qual os textos analisados são parte. Ao fim da análise, chegamos às seguintes conclusões: o jornal Folha de S. Paulo possui alto grau de negligência aos indivíduos de gênero e sexualidade dissidentes, oscilando a quantidade de ocorrências ao longo dos anos; o caderno Cotidiano é o que mais apresenta as notícias analisadas, quase 50% de todas as ocorrências; o mês em que ocorre a Parada LGBT de São Paulo e os meses que lhes são adjacentes são aqueles com o maior grau de visibilidade.