De acordo com as pesquisadoras Pimenta e Lima (2005/2006), o estágio se constitui como um campo do conhecimento e isso lhe configura estatuto epistemológico de atividade teórica instrumentalizadora da práxis que possibilita a intervenção na realidade por meio da fundamentação e do diálogo. Para as autoras, essa dimensão exclui a visão reducionista de estágio como atividade de imitação das práticas do professor, bem como atividade prática de desenvolvimento de técnicas. Nessa direção, o estágio supervisionado como componente curricular obrigatório é fundamental ao processo formativo do licenciando de Letras, pois oportuniza a este o exercício da atividade docente. Por meio do estágio, que ocorre na interface dos cursos de formação e do campo social, no qual se desenvolvem as práticas docentes, o estudante pode mergulhar em um universo que possibilita o estudo, a reflexão, a análise, a problematização e a (re)construção de saberes necessários à prática docente. O licenciando em língua portuguesa, por meio do estágio curricular supervisionado, pode observar a atividade docente e vivenciar experiências que contribuirão para a reflexão sobre as práticas pedagógicas de ensino de língua que permeiam o fazer do professor. Na presente comunicação, abordamos as relações entre estágio supervisionado e ensino de língua portuguesa na educação básica. Para tanto, caracterizamos o estágio como campo de conhecimento com estatuto epistemológico e instrumental, traçamos um breve histórico desse campo, apresentamos três diferentes concepções teóricas de língua que permeiam o fazer docente e articulamos a apropriação desses saberes à prática docente por meio do estágio supervisionado de língua portuguesa na educação básica. Ancoramo-nos nas contribuições de Pimenta e Lima (2005/2006), Bakhtin (1992), Geraldi (1984), Travaglia (2001), Antunes (2003).