EXPANSÃO E PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO TRANSITIVA CAUSATIVA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO | Autores: Monclar Guimarães Lopes (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Este trabalho busca descrever a expansão da construção transitiva causativa. Trata-se de uma construção complexa e parcialmente esquemática que possibilita o aumento de valência em alguns verbos originalmente monoargumentais, mais especificamente, os de tipo inacusativo que apresentam como único argumento um termo de papel paciente. Tal construção se encontra descrita em Lopes (2015, 2017) e Lopes e Menezes (2018), que investigaram sua emergência no português brasileiro com base nos verbos desaparecer, sumir e acabar, a partir de dados diacrônicos. Os autores assumem a hipótese de que a construção transitiva causativa seja o resultado de um processo de construcionalização (TRAUGOTT e TROUSDALE, 2013), na medida em que tanto uma maior vinculação entre verbo e preposição quanto a diminuição da composicionalidade acarretam um novo pareamento de FORMA-SENTIDO. Nessa atual fase da pesquisa, por sua vez, buscou-se: 1) observar a produtividade e a expansão dessa construção, tendo como objeto quatro outros verbos inacusativos e levando-se em consideração seu tipo semântico; 2) representar a rede das construções transitivas causativas em nossa sincronia a partir dos dados analisados; 3) verificar semelhanças e diferenças entre a construção transitiva causativa e a construção transitiva canônica (S VTD OD), na medida em que ambas apresentam um sujeito agente e um objeto afetado. Como metodologia de pesquisa, empregou-se análise quali-quantitativa de dados sincrônicos, extraídos do Corpus do Português, à luz da Linguística Funcional Centrada no Uso. Os dados têm-nos permitido observar, dentre outras coisas: 1) uma maior produtividade da construção, tanto em frequência type quanto em token, quando são recrutados verbos de processo material de transformação; 2) a existência da não sinonímia (GOLDBERG, 1995) entre construção transitiva causativa e a construção transitiva canônica, na medida em que parte dos verbos analisados apresentam-se nas duas construções. Explodir e acabar, por exemplo, são recrutados pelas duas construções, mas apresentam funções distintas.
|
|