O intuito do trabalho é apresentar resultados de testes de julgamento de aceitabilidade das formas de tratamento realizados com falantes do PE (português europeu), comparando com resultados do PB (português brasileiro). A proposta é mostrar a percepção que os falantes do PE e do PB fazem das estratégias de tratamento de 2SG empregadas em diferentes situações interativas, na tentativa de configurar as diferenças dos sistemas de tratamento nos dois territórios. Parto da hipótese de que existe uma diferença quanto à aceitabilidade das formas de tratamento verbo-pronominais de segunda pessoa: verbo na segunda pessoa (2SG), verbo na terceira pessoa (3SG) e você (sujeito pleno) no português europeu. Tal diferença sofre influência do tipo de relação interpessoal (simétrica/assimétrica) estabelecida entre os interlocutores. Para tanto, realizei uma tarefa experimental que visava observar a reação ou julgamento positivo e/ou negativo dos participantes portugueses (em Lisboa) e brasileiros (Rio de Janeiro) diante das mesmas formas em referência à segunda pessoa (tu, você). Os  participantes que realizaram o experimento deveriam avaliar a 20 fragmentos de cena. A tarefa consistia em julgar a legenda da última cena e atribuir uma nota mínima ou máxima (em uma escala de 1 a 5), a partir do que considera aceitável, possível ou regular em sua variedade ou dialeto. Assim, em termos teórico-metodológicos, procuro estabelecer uma interface entre a perspectiva Sociolinguística laboviana (WLH, 1968), a Sociopragmática (BRIZ, 2004) e a Metodologia Experimental Psicolinguística (cf. DERWING & DE ALMEIDA, 2005; KENEDY, 2015). Os resultados mostraram, em suma: a forma tu apresentou julgamentos mais positivos dos participantes nos dois tipos de relação com um ligeiro favorecimento nas relações simétricas. a forma você, diferentemente do que ocorre no PB teve um julgamento negativo nas diferentes relações interpessoais (simétricas, assimétricas), evidenciado por avaliações oscilantes dos participantes portugueses.